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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Otimismo com o fim do defeso da lagosta no CE

Com o fim do defeso e o retorno das atividades da captura da lagosta, a partir de amanhã, proprietários e pescadores de barcos artesanais vivem momentos de expectativa com uma produção maior dos últimos três anos. A explicação é por conta do inverno, que impacta no segmento pesqueiro e atende às necessidades de subsistência de uma extensa cadeia que se mantém no ciclo do crustáceo.

Ontem, jangadeiros da praia da Caponga fizeram os últimos reparos em suas embarcações, que deverão ir ao mar nesta quinta-feira. Antigas e novas gerações se uniram para "aprontar os barcos no grande dia", como afirmou o mestre do barco Tânia II, Raimundo Nonato Augustino.
Somente nas praias de Cascavel, que incluem Caponga, Barra Nova, Barra Velha, Águas Belas e Balbinos, são cerca de 400 pescadores artesanais que estão envolvidos com a captura da lagosta. Após seis meses de defeso, muitas jangadas ainda adentravam ao mar para a pesca do que era permitido, como a serra, o cariacó e outras espécies de peixe, as quais não há a necessidade de se chegar ao alto mar.
O presidente da Colônia de Pescadores Z-10, em Cascavel, Francisco de Assis Filho, diz que há um sentimento de entusiasmo por parte dos associados, ao mesmo tempo em que muitos lamentam a falta de investimento para que haja uma boa produção neste ano ou até o fim da liberação da captura.
Segundo Francisco de Assis, são caros os gastos para reparos de velas, pinturas e, principalmente, na aquisição dos manzuás. "Eu por exemplo, tenho permissão para transportar até 80 manzuás, mas sem recursos consegui apenas 60. Outros 20 serão financiados por compradores do produto", afirmou. Ele explicou que nas praias de Cascavel ainda há uma reconhecida prática de pesca não predatória. "Aqui não usamos mergulhadores, redes ou compressores, que tanto prejudicam no esgotamento do recurso", ressaltou.
Enquanto isso, na praia, há uma alegria incontida dos pescadores com a aproximação da liberação da pesca. O mestre da embarcação Jucilene, Antônio Alves de Paula, 44 anos, lembrou que esse é um momento para dar um basta às dificuldades vividas pelos jangadeiros.
O proprietário do barco de pesca Graziela I, Francisco de Sena Pessoa, observou que há ainda uma competição desleal com os barcos industriais. Ele conta que são constantes o roubo dos produtos dos manzuás, atribuído a mergulhadores. Além disso, se queixa de falta de maior fiscalização contra a pesca com uso do compressor.
Francisco de Sena lembra que, num passado ainda recente, houve até brigas entre a comunidade da Caponga e tripulantes de um barco industrial que vinha praticando pesca ilegal no litoral de Cascavel. O fato gerou uma revolta popular que culminou no incêndio da embarcação.
De lá para cá, não houve uma retração dessa prática que considera ilegal. O chefe da Divisão Técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Miller Holanda reconhece que há práticas que atentam contra a manutenção dos recursos de forma sustentável.
Fiscalização
Miller disse que há uma vulnerabilidade na fiscalização tanto pelo fato da grande extensão marítima, quanto pela limitação de materiais para o serviço. Atualmente, o Ibama dispõe de apenas um barco para atuar em todo o litoral cearense e estados vizinhos. Mesmo assim, o barco se encontra em estaleiro passando por serviços de manutenção. Apesar de estar incluído no seguro-defeso, ele ressalta que essa é a época para os melhores ganhos, especialmente considerando que não há mais a figura do atravessador na Caponga. Boa parte da produção, que é capturada ainda viva, é destinada aos tanques da Colônia Z-10, onde se desenvolve o projeto Lagosta Viva. Com isso, há um preço compatível com o mercado, de acordo com Antônio Alves.
Por outro lado, servidores antigos do Ibama identificaram que as pessoas estavam fugindo do sentido real do defeso, que é a preservação da espécie.

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