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quinta-feira, 20 de abril de 2017

Pesquisa tenta descobrir como tratar a febre chikungunya

A febre chikungunya vem desafiando os profissionais da medicina todos os dias. Os pacientes tentam encontrar curas por meio de ervas medicinais e também da tecnologia. A médica anestesiologista Fabiane Freire está realizando uma pesquisa com 10 pacientes do município de Independência. Ela utiliza a termografia de infravermelho para avaliar o grupo. O trabalho de pesquisa da profissional, vinculado ao Hospital Sírio-Libanês, tem por hipótese que as dores causadas por essa doença ocasionem lesões no nervo.
Inicialmente, o estudo vai ser realizado com poucos pacientes, mas será estendido para até 100. "O meu interesse é saber porque está havendo essa cronificação da dor. Se eu tenho um exame que consegue mapear as áreas de informações, eu posso conseguir detectar nessa fase mais aguda da doença, nas duas primeiras semana, se existem indícios de que essa dor seja crônica".
Segundo Fabiane Freire, na prática clínica, as dores de muitos desses pacientes não respondem aos analgésicos comuns, o que sugere um possível componente de dor neuropática (lesão no nervo), além das dores articulares inflamatórias no corpo.
Dores
Conforme avaliação da profissional e da literatura médica, dois tipos de dores são mais comuns entre os pacientes que sofreram com os sintomas da chikungunya. "A dor nociceptiva é a dor inflamatória, geralmente nas articulações. A gente observa que essa dor não explica a não resposta dos pacientes aos analgésicos comuns. Isso nos faz observar que possa ter um componente afetando também o nervo, a dor neuropática".
A termografia computadorizada infravermelho é um diagnóstico pouco utilizado, segundo Freire. Para ser realizado o exame, um profissional capacitado deve ter formação em termologia, seguindo o protocolo estabelecido pela Associação Brasileira de Termologia para a captura adequada das imagens: preparação do paciente para o exame, histórico clínico do paciente, exame de corpo total, ambiente termicamente controlado (temperatura e umidade) e tempo de equilíbrio térmico de 15minutos para que os resultados possam ser reproduzíveis.
A dona de casa Teresinha Gonçalves Martins de Souza, 62, foi uma das pacientes a participar da pesquisa. Ela sofreu no ano passado com dores causadas pela doença. Teresinha ficou paralisada em uma cama devido às dores por todo o corpo. "Eu sentia dores nos ombros, antebraços, mãos e dedos. Também sinto como se recebesse choques e agulhadas", pontua.
No posto onde recebeu os primeiros atendimentos, o médico prescreveu o uso de paracetamol e Tylenol. "É tudo muito novo para os profissionais da saúde. Existe um protocolo do Ministério da Saúde para atender aos pacientes, mas cada um possui um perfil e biotipo diferente. Não existe um padrão de medicação", diz a especialista.
Tecnologia
Duas câmeras térmicas de origem sueca são utilizadas pela médica para realizar a coleta de dados de temperatura corporal de cada paciente. Ao todo, os equipamentos custam R$ 90 mil. A manutenção também é cara, pois é feita em São Paulo, com custo de R$ 5mil por ano.
Um bolômetro, sensor que capta a radiação infravermelho, transforma em temperatura os sinais emitidos. O diferencial do exame é que ele não leva nenhum risco à saúde do paciente. Após o estudo, a intenção de Fabiane é repassar o levantamento aos órgãos de saúdes do Estado e da União.
Alternativas
No Mercado São Sebastião, o que mais se procura na parte de raízes e plantas medicinais são receitas caseiras contras os sintomas de chikungunya. As ervas procuradas levam diversos nomes como "Mil homens" e "Onça pintada". O vendedor Artur Bruno de Araújo, 56, atua há 30 anos no Mercado. Nos últimos meses, segundo ele, as vendas aumentaram. "A gente indica o que eles procuram. Para dores do corpo e nas articulações também tem garrafa".
O epidemiologista da Universidade Federal do Ceará (UFC) Luciano Pamplona afirma que "não há evidências que comprovam a eficácia das ervas, mas a crença merece respeito".
A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) informou, por meio de nota, que a termografia de infravermelho não está nesses protocolos que norteiam o tratamento de pacientes com a doença. "O Hospital São José, unidade terciária da rede pública do Governo do Estado, atende pacientes com diagnóstico grave de chikungunya. O atendimento, em todas as suas etapas, segue protocolos e rotinas para inflamação e dor reconhecidos e utilizados no mundo todo".

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