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quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Agropecuária cearense cresce 7,43% no 3º tri

Mesmo diante do cenário de escassez hídrica, em decorrência do quinto ano consecutivo de seca, a agropecuária foi o único setor da economia cearense que apresentou crescimento no terceiro trimestre deste ano, com um avanço de 7,43% em relação a igual período de 2015. Os dados foram divulgados ontem (21) pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Já os setores da indústria e de serviços tiveram queda de 6,18% e de 1,43%, respectivamente, contribuindo para a queda de 1,23% no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado no terceiro trimestre.

No acumulado do ano, até o terceiro trimestre, o setor agropecuário também foi o único com resultado positivo, com crescimento de 1,26%, enquanto os setores da indústria e de serviços registraram queda de 7,23% e de 3,88%, respectivamente. Segundo Nicolino Trompieri, analista do Ipece, o resultado positivo da agropecuária se deve aos produtos irrigados e à produção de leite. "Essas atividades têm ajudado a segurar essa crise hídrica. Ainda assim não dá para comemorar. A gente ainda tem muitos problemas por causa da seca e vem de uma queda bem expressiva. Mas diante do cenário de seca, é um bom resultado", afirmou.
De acordo com os dados do Ipece, no acumulado dos últimos quatro trimestres, no entanto, o setor agropecuário apresenta uma retração de 0,54%, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Durante esse período, o pior resultado havia sido observado no terceiro trimestre de 2015 (-26%), que serviu como base de comparação para o terceiro trimestre deste ano. Já no primeiro e no segundo trimestre de 2016, o setor registrou retração de 3,44% e de 0,21%, respectivamente.
PIB do Ceará
Com uma participação em torno de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará, o setor agropecuário não foi suficiente para que o PIB trimestral do Estado ficasse no positivo. As quedas do setor da indústria, que responde por cerca de 20% das riquezas do Estado, e o setor de serviços, com aproximadamente 75% de participação, fizeram com que o PIB cearense apresentasse queda de 1,23% no terceiro trimestre deste ano.
No terceiro trimestre de 2015, o PIB cearense tinha registrado queda de 7,22%. E nos dois trimestres seguintes a retração foi de 5,96% e de 4,78%, respectivamente. Já no acumulado do, a economia cearense apresentou queda de 4% e no acumulado dos últimos 12 meses, a queda foi de 4,89%. O resultado do PIB cearense de 2016 deverá ser divulgado em março.
'Sinais de recuperação'
No entanto, mesmo com o resultado negativo, o economista do Ipece Adriano Sarquis observou que a queda da atividade econômica do Estado vem desacelerando. "Se a gente comparar com os trimestres anteriores, (o resultado deste trimestre) já revela uma desaceleração da recessão. A gente já vê que a economia já dá alguns sinais de recuperação", disse Sarquis.
No setor da indústria, a construção civil foi a que apresentou a maior queda (-16,46%), com impactos negativos na geração de vagas de trabalho. Já no setor de serviços, a atividade que apresentou o pior desempenho foi a do comércio, com queda de 4,16% no terceiro trimestre. Segundo o estudo, os resultados da indústria de transformação (-5,42%) e do varejo impactaram no mercado de trabalho, contribuindo para que do terceiro trimestre de 2015 para o terceiro trimestre de 2016 a taxa de desemprego do Ceará avançasse 3,5 pontos percentuais, enquanto a do Brasil crescesse 2,9 pontos percentuais.
"Setor que apresentou a maior queda e que mais vem sofrendo com a crise, no Brasil como um todo, é o da indústria, que já vinha sofrendo uma desaceleração, mesmo antes da crise", diz Trompieri. "O setor de serviços foi diferente. Ele vinha numa ascendência muito forte e quando a crise chegou não foi tão afetado no primeiro momento, mas agora está sendo fortemente afetado", completou.
Segundo os analistas do Ipece, tanto a atividade da construção civil como o setor de serviços foram afetados negativamente pela restrição de crédito no País.
Outros estados
Dentre os estados brasileiros que já divulgaram o PIB referente ao terceiro trimestre de 2016, o Ceará foi o que apresentou o melhor resultado, na comparação com o mesmo período do ano passado, superando o desempenho do PIB brasileiro no período (-2,9%). Depois do Ceará, aparece o Rio Grande do Sul, com queda de 1,7% do PIB. Em seguida aparecem os estados de Minas Gerais (-1,9%), São Paulo (-3,9%), Bahia (-5,2%) e Espírito Santo, com queda de 14,5% no trimestre.
No acumulado do ano, a economia brasileira apresentou retração igual à do Ceará (-4,0%). Os melhores resultados foram obtido por Minas Gerais (-3,1%) e Rio Grande do Sul (-3,4%). Após o Ceará aparecem a Bahia (-4,2%) e São Paulo (-4,5%).
Opinião do especialista 
Oferta de água impacta setor negativamente
Eu não posso dizer que o setor agropecuário do Ceará cresceu depois de cinco anos de seca. Mesmo se você comparar o ano de 2015 com o de 2016, o nosso setor sofreu um impacto negativo significativo devido ao quadro climático. Em nível nacional é outra coisa, mas como podemos ter melhorado se a oferta de água vem caindo ano a ano? Na agricultura irrigada já faz dois meses que nós estamos sem fornecimento de água. Em setembro eu tive que acompanhar alguns dos nossos produtores que foram ao Rio Grande do Norte enquanto aqui no Ceará as atividades estão paralisadas. Todo mês estamos cortando a produção. Acho que no terceiro trimestre de 2015 nós tivemos muito mais disponibilidade de água do que no deste ano. A atividade leiteira vem caindo sucessivamente. Então como podemos ter crescido? Eu não vejo crescimento. Se tiver mantido os números do ano passado já seria um grande avanço.
Flávio Saboya
Presidente da Faec

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