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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Orçamento das famílias ainda apertado em 2017

São Paulo. Com a perspectiva de que a recuperação da economia será mesmo mais lenta do que o esperado, analistas preveem que o aperto no orçamento das famílias brasileiras vai se prolongar ao longo de 2017. Para suportar a crise, um roteiro tende a se repetir: corte de gastos supérfluos e priorização do pagamento do essencial, como alimentação e moradia. Segundo cálculos da consultoria Tendências, a folga no orçamento das famílias tem girado ao redor de 35% da renda neste ano. Para 2017, as projeções ainda não mostram alívio no indicador.

"Houve grande ajuste nos itens de primeira necessidade e esse movimento não deixa os números", afirma João Morais, analista da consultoria. Ele aponta os reajustes da energia, em 2015, e dos alimentos, neste ano, como obstáculos a uma melhora nas contas familiares. O cálculo usa como base os itens com maior peso na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O aplicativo de controle financeiro GuiaBolso também detectou essa mudança forçada nos hábitos de consumo. Uma pesquisa feita entre 68,2 mil de seus usuários mostra que, entre outubro de 2015 e o mês passado, as despesas com contas residenciais aumentaram seu peso na renda de 8,9% para 10,9%. O mesmo movimento ocorreu nos gastos com moradia, que ampliaram de 15,4% para 17,4% a fatia do orçamento. Os desembolsos nos supermercados, porém, caíram de 12,6% para 11,3%. Esses números refletem o avanço do custo de vida e a necessidade de cortar gastos.
Saúde e educação
Segmentos como saúde e educação não escaparam de cortes. Em igual período, as despesas na primeira categoria caíram de 2% para 0,9% da renda, e os da segunda, de 1,1% para 0,4%. Itens supérfluos, como viagens, compras e restaurantes, também perderam espaço.
"Houve ajustes no orçamento e os gastos afetados foram aqueles que podem ser mudados mais facilmente", destaca o presidente do GuiaBolso, Thiago Alvarez. Além dos efeitos da crise, Alvarez considera que o controle financeiro gerou uma mudança de longo prazo no padrão de consumo dos usuários do aplicativo.
Depressão
No consultório do médico do trabalho José Hildoberto, em São Paulo, os problemas financeiros têm aparecido com mais frequência como motivo de quadros de estresse e depressão. Segundo ele, as queixas ganharam força no ano passado, em meio ao aumento do desemprego. "Existe uma preocupação grande com a família".
Para 2017, o consultor de finanças do programa Vida Investe, Ricardo Figueiredo, sugere que o consumidor olhe para as chamadas "pequenas contas", como TV por assinatura e celular. Um caminho para começar esse planejamento é não levar as pendências para 2017 e usar o 13º salário e eventuais bonificações para pagar dívidas e poupar para impostos e gastos escolares."O brasileiro precisa adequar os gastos à sua realidade".

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