Marcado por redução no número de doadores potenciais e efetivos e pela
falta de medicamentos vitais para recém-transplantados, o ano passado não foi
fácil para as pessoas na fila de espera por um órgão ou tecido no Ceará. Ainda
assim, de acordo com o mais novo levantamento da Associação Brasileira de
Transplantes de Órgãos (ABTO), divulgado ontem, em 2015, o Estado conseguiu
bater seus próprios recordes e realizar 1.321 procedimentos, 20 a mais que em
2014.
Com uma média de 55,5 cirurgias por milhão de população (pmp) efetivadas,
o Ceará obteve, ainda, a conquista do quinto lugar no ranking brasileiro de
transplantes. Os dados fazem parte do Dimensionamento dos Transplantes no
Brasil e em cada estado.
A redução na quantidade de cirurgias envolvendo determinados órgãos, como rins
e pulmão, em relação a 2014 foi compensada com o aumento do número de
transplantes de córneas (45 a mais) e coração (três a mais). Mesmo tendo
perdido doadores efetivos, que passaram de 220 para 208 no período, o Estado
superou os 1.301 procedimentos realizados no ano anterior.
"Sem dúvida, tivemos um ano com dificuldades. No primeiro semestre
caímos, mas no segundo retomamos o crescimento e voltamos a manter nossa
posição de destaque nacional. Tivemos problemas conhecidos, principalmente em
relação aos medicamentos, mas isso foi superado, o que mostra o comprometimento
das equipes para viabilizar o maior número possível de transplantes",
afirma Eliana Barbosa, coordenadora da Central de Transplantes do Ceará.
Ranking
Conforme
a pesquisa da ABTO, a taxa de transplantes por milhão de população registrada
no Estado em 2015, 55,5 no total, foi maior que a média nacional, 39,0. No
ranking das unidades da federação, o Estado do Ceará perdeu apenas para Rio
Grande do Sul (66,9), São Paulo (64,9), Distrito Federal (61,7), além do Paraná
(59,8).
Se
considerada a quantidade de procedimentos contabilizados por milhão com
doadores falecidos, o Ceará ocupou terceiro lugar no País com 53,9, atrás do
Rio Grande do Sul (61,1) e Distrito Federal (60,0).
No
entanto, apesar do bom resultado, o Estado se vê diante de um novo desafio. De
acordo com a ABTO, nos próximos três anos, a meta para o Brasil é aumentar a
taxa de transplantes para 50,0 por milhão. Já os estados deverão atingir 75
procedimentos por milhão.
Lista
Ao
mesmo tempo, o Estado do Ceará ainda possui uma longa fila de espera por órgãos
ou tecidos. Enquanto, no ano passado, mais de mil pessoas saíram dessa lista,
outras 2.163 entraram. Atualmente, são 1.062 pacientes ativos na fila e 31
pacientes pediátricos.
Eliana
Barbosa observa que a Central de Transplantes do Ceará tenta, a cada ano,
superar o número de procedimentos realizados em, pelo menos, 10%, para garantir
o crescimento. Segundo a médica, ainda não é possível afirmar se o Estado
poderá alcançar a meta da ABTO, mas ela destaca que a unidade vem traçando
estratégias para aumentar a quantidade de cirurgias no futuro.
"Estamos
trabalhando a educação com profissionais de saúde porque são eles que
identificam potenciais doadores, notificam a Central, fazem o diagnóstico da
morte encefálica e consequentemente, viabilizam mais transplantes. Por isso,
realizamos cursos de formação básica com centenas de pessoas, mostrando como a
participação deles é importante para que os transplantes aconteçam",
explica Eliana.
Fique por dentro
Doe de Coração chega a 14 anos em setembro
Promovida
pela Fundação Edson Queiroz com a proposta de incentivar a doação de órgãos e
tecidos, a Campanha Doe de Coração chega, em 2016, aos14 anos de existência.
Tradicionalmente no mês de setembro, a mobilização procura sensibilizar a
sociedade para a causa por meio de anúncios de jornal, inserções na TV aberta e
fechada e distribuição de cartilhas, cartazes e camisetas.
Também
são realizadas ações em hospitais, escolas, clínicas, no Sistema Verdes Mares,
na Universidade de Fortaleza (Unifor) e em entidades diversas no intuito de
disseminar essa mensagem de esperança de vida, atingindo milhares de pessoas.
O
movimento já recebeu o reconhecimento da ABTO, em prêmio concedido à Fundação
na pessoa de sua vice-presidente, Dona Yolanda Queiroz. Desde que a campanha
começou a ser desenvolvida, em 2003, o número de transplantes executados no
Estado mais que triplicou, mostrando a importância da mobilização para informar
à população e quebrar tabus relacionados à doação de órgãos.
Mais informações
Há
orientações acerca de doações e dos números relacionados a cada um dos estados
pesquisados no site da Associação
Nenhum comentário:
Postar um comentário