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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Estudo relata novo dano por zika

São Paulo. Além da microcefalia, o zika parece ser capaz de causar também anomalias fora do sistema nervoso central em bebês gestados por mães infectadas pelo vírus. Um estudo de caso divulgado ontem por pesquisadores brasileiros e americanos reforça uma suspeita que já vem sendo aventada – de que o zika cause uma síndrome congênita –, e aponta para uma potencial relação com o acúmulo de líquido generalizado no corpo do bebê e morte do feto.


O trabalho relata o caso de uma menina nascida morta em Salvador com uma condição conhecida como hidranencefalia (em que os hemisférios cerebrais desaparecem e a cavidade é preenchida por líquido cefalorraquidiano), calcificações intracranianas e outras lesões.



O bebê apresentou, ainda, outra condição que até então não tinha sido relacionada com zika: a hidropsia, que se caracteriza por acúmulo de líquido e inchaço sob a pele, o peritônio (membrana que reveste a parte interna da cavidade abdominal) e a pleura (membrana que envolve o pulmão). Autópsia revelou a presença do vírus zika no córtex cerebral, na medula e no líquido amniótico.



“Resolvemos relatar o caso em revista científica porque apresenta uma evidência adicional de que o zika pode, além da microcefalia e de doenças oftalmológicas, estar ligado a ocorrência de hidropsia e à morte do feto”, disse Antonio Raimundo de Almeida, diretor do Hospital Geral Roberto Santos, de Salvador, que acompanha pelo menos uma centena de crianças nascidas com microcefalia desde 31 de outubro de 2015.



Ele assina o trabalho na revista PLOS Neglected Tropical Diseases junto com o médico fetal Manoel Sarno, que fez o acompanhamento da mãe na gravidez, e com pesquisadores americanos da Universidade Yale e do Texas. Os autores relatam que a mãe, de 20 anos, tinha iniciado o cuidado pré-natal na 4ª semana de gestação, quando foi testada negativamente para várias doenças, e a gravidez se desenvolvia sem problemas.



No ultrassom da 14ª semana, a avaliação foi normal. Na 18ª semana, porém, se observou que o feto estava com o peso abaixo do normal, e os ultrassons seguintes, na 26ª e na 30ª, constataram a microcefalia e o desaparecimento dos hemisférios cerebrais, que se liquefizeram. O feto acabou morrendo depois e um parto foi induzido na 32ª semana. Os pesquisadores suspeitam que houve uma infecção intrauterina provavelmente no primeiro trimestre da gestação, mesmo sendo um caso assintomático.



A Organização Mundial de Saúde (OMS), porém, afirmou ontem que as mulheres nos países afetados pelo vírus da zika devem amamentar seus bebês normalmente. Segundo a OMS, não há prova de que o vírus possa infectar as crianças por meio da amamentação. “É um dos momentos mais difíceis de saúde pública que o País já enfrentou”, declarou o ministro da Saúde, Marcelo Castro.



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