Automóveis parados em delegacias e órgãos públicos estão se tornando
criadouros do mosquito Aedes aegypti, em Fortaleza. Percorrendo algumas
instalações de delegacias é possível registrar o acúmulo de água em veículos
que estão apreendidos aguardando definições sobre o que será feito pela
Justiça.No 4º Distrito Policial, localizado no bairro Pio XII, um veículo
Peugeot apreendido há mais de dois meses armazena água da chuva no vidro que
está quebrado e também no assoalho.
O carro, que está à disposição da Justiça,
se envolveu em um acidente, mas ainda não se sabe qual será o destino do
automóvel. O delegado José Munguba Neto, titular do 4º DP, afirma que não
existe espaço suficiente nas unidades para suportar o número de veículos
apreendidos mensalmente pela Polícia.
Em outro ponto da Cidade, na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e
Cargas (DRFVC), logo na entrada da unidade é possível identificar veículos com
vidros quebrados e que acumulam água. Segundo o inspetor Aurélio, a burocracia
às vezes atrapalha a retirada. "Muitos carros que estão apreendidos aqui
são de fora. Na maioria das vezes, temos que entrar em contato com seguradoras
de veículos de São Paulo ou Rio de Janeiro. Eles pedem, no mínimo, um prazo de
30 dias pra retirada", ressalta. O agente destaca que pick-ups,
caminhonetes e caminhões são os que mais acumulam água.
Prevenção
A mesma situação é encontrada no pátio do Departamento Estadual de
Trânsito (Detran-CE). Mas a unidade, desde de 2012, trabalha com uma equipe de
prevenção para evitar os focos do mosquito. O Detran-CE mantém uma brigada de
combate ao mosquito Aedes aegypti formada por seis zeladores, que percorrem
diariamente as dependências e o depósito de veículos na sede do órgão,
eliminando os focos do inseto. Segundo a Gerente de Apoio Logístico, Rita
Freire, esse modelo do órgão é uma referência para a Prefeitura de Fortaleza.
Remoção
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SPDS) informou, por
meio de nota, que, em relação aos veículos, objetos de apreensões de
procedimentos policiais, que se encontram estacionados em vias públicas, a
Polícia Civil do Estado do Ceará está realizando um trabalho de remoção dos
bens para um depósito da instituição. A exemplo disso, já foram retirados os
veículos que estavam apreendidos nos 2º, 6º, 9º e 30º distritos policiais, além
da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia ressalta ainda
que está mantendo contato com o Comitê Estadual de Combate ao Aedes aegypti
para realizar um trabalho preventivo.
As brigadas foram criadas por decreto do governador do Estado, Camilo
Santana. Só na Educação, são 110 escolas profissionais que receberão a inspeção
das brigadas. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Fortaleza informou que
os agentes de endemia realizam vistorias periódicas nos veículos que estão nos
locais visitados pela reportagem e ressaltou que as unidades podem solicitar a
presença dos agentes quando for necessário.
Balanço
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) divulgou ontem mais 258 casos de
dengue no Ceará, sendo dois considerados graves. Nenhum óbito foi confirmado
até então e a maior parte das ocorrências foi em Fortaleza, com 125 registros.
As informações foram relatadas na Atualização Semanal das Doenças de
Notificação Compulsória e, somado aos 479 casos presentes no último Boletim
epidemiológico, totalizam 737 ocorrências no Ceará.
Além da Capital, os municípios com o maior acréscimo de confirmações por
meio desta atualização foram Sobral, com 34 casos, Itatira (24), Itapipoca
(17), Russas (15), Crateús (11) e Icó (5). Os casos dizem respeito até a semana
epidemiológica 7, ou seja, até o último dia 20 de fevereiro, segundo a
Secretaria.
Já conforme o Informe Epidemiológico do Ministério da Saúde (MS)
referente à microcefalia, também divulgado ontem, dos 256 casos em investigação
no Ceará, 33 foram confirmados e 46 descartados. Os números se referem aos
casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de
infecção congênita.
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