Rio de Janeiro. A
estatal Eletrobras projeta iniciar a privatização de suas deficitárias
distribuidoras de energia elétrica que atuam no Norte e Nordeste do País apenas
em 2017, com os esforços em 2016 focados em viabilizar uma capitalização das
empresas pelo governo federal, afirmou uma fonte da empresa com conhecimento
direto do assunto. O governo deverá fazer uma capitalização de R$ 5,9 bilhões
na companhia neste ano, que deve aplicar os recursos para preparar a
privatização das seis distribuidoras.
Uma
parte dos recursos, R$ 2,6 bilhões, bancaria investimentos necessários para atender
metas de qualidade de serviço estabelecidas pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel). Outros R$ 3,3 bilhões, segundo a fonte, ficariam pouco tempo
nos cofres das distribuidoras, porque deverão ser usados para pagar dívidas
dessas empresas com a própria Eletrobras.
"As
distribuidoras têm que pagar a dívida com a Eletrobras e têm investimentos e
compromissos a fazer em 2016 até que se viabilize a privatização delas, que não
é um processo automático", disse a fonte.
Neste semestre
Seguindo
esse caminho, a expectativa é de que a capitalização seja concluída no final
deste semestre ou no começo do segundo semestre, com o início do processo de
venda das empresas apenas em 2017, afirmou a fonte sob sigilo. Procurada, a
Eletrobras não comentou imediatamente. "O processo de venda vai durar no
mínimo um ano e elas não podem deixar de investir. É um processo demorado que
deve ficar para o ano que vem", disse a fonte.
A
Eletrobras controla sete concessionárias de distribuição de energia elétrica. A
Celg-D, que atende o Estado de Goiás, deverá ser vendida neste ano, em leilão
de privatização a ser realizado na BM&FBovespa e que já está com os
trâmites mais avançados. As demais, que atendem Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí,
Rondônia e Roraima, estão ainda em processo de renovar suas concessões para
depois serem colocadas no mercado.
A
capitalização é considerada fundamental para melhorar a performance e os
resultados dessas distribuidoras e assim viabilizar a privatização das
empresas. A proposta discutida entre governo federal e Eletrobras indica que a
capitalização seria feita diretamente nas distribuidoras, para evitar a
diluição da participação dos acionistas minoritários da holding Eletrobras,
disse a fonte. A origem dos recursos da capitalização ainda é estudada pelo
governo federal, que enfrenta uma recessão econômica e tenta viabilizar um
programa de ajuste fiscal.
R$ 17 bilhões
Uma das
possibilidades seria utilizar parte dos R$ 17 bilhões arrecadados pela União
com o leilão de hidrelétricas existentes realizado em novembro de 2015.
Inicialmente,
a Eletrobras esperava privatizar todas suas empresas de distribuição de energia
em 2016, mas uma proposta nesse sentido foi retirada de pauta pela União
durante assembleia dos acionistas da estatal, em 28 de dezembro.
A
Eletrobras tem até o meio do ano para renovar as concessões dessas
distribuidoras, que estão vencidas desde julho de 2015. A prorrogação dos
contratos também foi um item retirado da pauta de discussões na assembleia da
estatal em dezembro. As ações preferenciais da Eletrobras recuavam mais de 3%
por volta do meio dia, enquanto as ordinárias caíam mais de 7%.
Eólicas no mercado
Outro
assunto em estudo na estatal é a possibilidade de venda de participações em
alguns parques eólicos em que a estatal é sócia, disse a fonte. O objetivo
seria garantir recursos para investimentos nos próximos anos e recuperar perdas
acumuladas desde a renovação das concessões de geração e transmissão da
companhia ao final de 2012, que resultou em forte perda de geração de caixa.
"Estamos
estudando internamente a venda de ativos na área de eólica. Poderíamos obter
recursos necessários através da venda de participação em Sociedades de
Propósito Específico (SPEs)", afirmou a fonte, em referência a fatias
minoritárias da Eletrobras em empreendimentos com sócios privados.
De
acordo com a fonte, os estudos internos na Eletrobras sobre a venda das
participações nesses ativos já começaram a ser realizados, e o próximo passo é
abrir conversas com os sócios nos empreendimentos e com o mercado privado.
Projetos instalados
Segundo
informações de seu relatório anual de 2015, a Eletrobras possui cerca de 2,4
gigawatts (GW) em participação em projetos eólicos no Nordeste e no Sul do
Brasil, entre projetos em construção ou em operação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário