O Ceará lidera o ranking
brasileiro de crianças de 4 a 5 anos matriculadas em escolas. De acordo com os
dados divulgados, ontem, pelo relatório da ONG Todos Pela Educação (TPE), o
Estado conseguiu atingir 97,3%, o que representa um número de 248.600 alunos em
2014. No ano anterior, a taxa de atendimento era de 96,8%.A
pesquisa revela as taxas de atendimento escolar da população entre 4 a 17 anos.
Nessa categoria, que reúne o ensino infantil, fundamental e médio, o Ceará
aparece em quarto lugar, ao lado do Maranhão, com 94,4%. Em 2013, o desempenho
na categoria geral foi melhor, com 94,6%
Para o
gerente de conteúdo da ONG, Ricardo Falzetta, o desempenho do Ceará vem
acompanhado de um movimento nacional resultado da Emenda Constitucional 59
(2009), que deu prazo até 2016 para que seja garantida a matrícula para todas
as crianças e jovens brasileiros com idades entre 4 e 17 anos.
"Os
municípios se mexeram. Éramos para atingir 100%, mas estamos próximos. No
ensino fundamental, temos quase a universalização do ensino, com a melhora
significativa nos anos iniciais. O Ceará vem dando um exemplo nessa continuação
de políticas públicas na educação, com exemplos que precisam ser replicados em
todo o Brasil", elogia Falzetta. Em Fortaleza, em 2013, foram 20.721
alunos matriculados na pré-escola. Em 2014, saltou para 21.057. O aumento da
matrícula na pré-escola de 2013 para 2014 representa um total de 1,62%.
Meta
Para o
coordenador do Ensino Fundamental do Município de Fortaleza, Carlos Eduardo
Araújo, a universalização na pré-escola é uma meta que vem sendo trabalhada
pela Secretaria Municipal da Educação (SME) por meio de medidas como a
construção de novas creches, aquisição de material pedagógico especializado e
de jogos e brinquedos pedagógicos, e formação dos professores.
Fortaleza
conta hoje com 130 Centros de Educação Infantil e até o fim da gestão está
prevista a entrega de 26. "Sabemos que a pré-escola sempre foi um gargalo,
mas estamos trabalhando para em 2016 chegarmos à universalização. Temos uma
carga de desafios, mas estamos ampliando a oferta sem, entretanto, esquecer a
qualidade".
Para o
gerente de conteúdo do Todos Pela Educação, o desafio se torna maior à medida
que se chega próximo ao 100%. Ele explica que para atingir a meta, é preciso
olhar para as políticas públicas específicas para a população mais vulnerável.
"São os mais pobres, grupos étnicos, crianças com necessidades especiais.
É preciso trabalhar cirurgicamente esses grupos".
Ele
também pondera que enquanto o ensino fundamental vem se destacando, o ensino
médio aparece como estagnado. É tido como pouco atraente para o jovem e
enfrenta diversos problemas. Um deles é o abandono escolar, cuja taxa média é,
atualmente, de 7,6% em todo o País. No Ceará, esse índice é maior que a média
nacional, atingindo 7,9, em 2014. O efeito é ainda maior se consideramos os
abandonos na primeira série, com 10,5%, diminuindo a medida que se avança os
anos. "É um modelo de escola que não está atraindo. Os número não mostram
crescimento, e sim abandono. Quando se fala em alunos mais vulneráveis e chega
esse momento de decidir entre o estudo e o trabalho, muitos abandonam a escola.
A escola precisa de mudanças estruturais e, sobretudo, uma formação continuada
de professores", diz Falzetta.
A
orientadora da Célula de Gestão de programas e projetos estaduais da Secretaria
da Educação (Seduca), Socorro Leal, reforça que - apesar de o Estado não ser
responsável pelo ensino infantil e fundamental - existe uma cooperação técnica
e financeira com os municípios para a área com o Programa Alfabetização na
Idade Certa (Paic), que iniciou em 2007, com a meta de garantir a alfabetização
dos alunos matriculados no 2º ano do ensino fundamental.
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