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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Chico Buarque é xingado por antipetistas em rua do Leblon

O jantar mensal do cantor e compositor Chico Buarque com um grupo de amigos terminou anteontem de forma inesperada. Por volta da meia-noite, Chico e os companheiros foram hostilizados por um grupo antipetista, em uma movimentada esquina do Leblon, na zona sul carioca.
 "Você é um merda, quero ouvir da sua boca: quem apoia o PT, o que é?", perguntou um dos provocadores.


"É petista", respondeu o compositor. "É um merda", interrompeu o rapaz. Vídeos da discussão foram publicados nas redes sociais e replicados durante todo o dia.

Em determinado momento, o grupo ironizou o fato de Chico ter um apartamento em Paris. "Para quem mora em Paris é fácil", disse um deles. "Você mora em Paris?", retrucou Chico. 

Simpatizante do PT, Chico já participou de várias campanhas do partido, inclusive em 2014, quando gravou um vídeo de apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Chico saía do restaurante Brigite’s com o cantor, compositor e arranjador Edu Lobo, os cineastas Cacá Diegues, Miguel Faria Jr. e Ruy Solberg e o jornalista e escritor Eric Nepomuceno. Com exceção de Cacá, os artistas se encontram uma vez por mês para jantar. Edu Lobo já tinha ido embora e, enquanto os demais esperavam um táxi, um grupo que saía do restaurante Sushi Leblon começou a gritar "petista", "ladrão", "vai para Paris", "vai para Cuba".

Diante das provocações, Chico decidiu argumentar com os jovens. "Vai se informar, não basta sair falando", disse o cantor. Embora tenha discutido com o grupo, Chico manteve a voz baixa e riu em alguns momentos. Um dos jovens afirmou a Chico que "o PT é bandido" e o compositor respondeu: "Eu acho que o PSDB é bandido".

"Chico foi um santo, um cavalheiro. Os meninos começaram a hostilizar, do outro lado da calçada. Chico atravessou e foi lá falar com eles. Essa cena de repressão nazista é um exemplo do que está acontecendo no Brasil: a absoluta intolerância. As discussões políticas estão indialogáveis. A disputa política se transformou em duelo. Eles não queriam argumentar, só xingar", comentou Cacá Diegues na tarde de segunda.

Eric Nepomuceno lamentou que uma noite divertida com velhos amigos tenha sido encerrada com aquela discussão. "É muito impressionante a fúria agressiva dessa direita que saiu do armário embutido", declarou Eric. "Estávamos numa ótima, de repente vieram os caras, muito agressivos. Eu estava mais irritado que o Chico, mas depois nós todos demos risada", contou o escritor.

Segundo Eric, não foi o primeiro episódio de provocação, embora tenha sido o mais ostensivo. "Uma outra vez, o cara na mesa ao lado pegou o celular e falou com alguém: 'Estou em um restaurante caríssimo de Ipanema onde os comunistas adoram vir'" lembrou.

Questionado pelo cantor, o agressor respondeu que seu nome era Tulio Dek, rapper. "Eu sou fã do Chico Buarque, é um ídolo. Mas como um cara desse nível intelectual continua apoiando cegamente o PT? (...) Eu não vou deixar de me posicionar."

Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu na terça-feira em seu perfil no Facebook sobre o episódio. "É muito triste ver a que ponto o ódio de classe rebaixa o comportamento de alguns que se consideram superiores, mas não passam de analfabetos políticos. Apesar de vocês, amanhã há de ser outro dia. Receba, querido Chico, nossa solidariedade, sempre", escreveu Lula.


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