O Brasil já contabiliza 739
casos suspeitos de microcefalia este ano. O surto tem relação direta com o
vírus zika, transmitido pelo Aedes aegypt. A confirmação foi divulgada pelo
Ministério da Saúde, sábado (28), após exames realizados em uma bebê com microcefalia
e outras malformações congênitas, nascida no Ceará. Segundo o órgão federal,
foi identificada a presença do vírus zika em amostras de sangue e tecidos da
recém-nascida, que veio a óbito.
Em análise inicial, o Ministério também aponta
que o risco de infecção do feto está associado aos três primeiros meses de
gravidez.
A
confirmação divulgada pelo Ministério da Saúde, é caracterizada pelo órgão como
"uma situação inédita na pesquisa científica mundial". No Ceará,
segundo a nota técnica da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), divulgada no dia
17 deste mês, foram contabilizados 16 pacientes nascidos com a malformação
congênita, em que o perímetro cefálico (PC) é menor que o normal, habitualmente
superior a 33 cm.
Segundo
o Ministério da Saúde, as investigações sobre o tema terão continuidade nos
próximos meses para que sejam esclarecidas, dentre outras, questões referentes
à transmissão e atuação do vírus zika no organismo humano, infecção do feto e o
período de maior vulnerabilidade para a gestante.
Medidas
"A
rigor não há medidas para combater a situação, pois é uma malformação
congênita. O que pode e deve ser feito é combater os focos do mosquito para
evitar a transmissão do vírus. Mas este é um desafio complexo porque, há
décadas, o País tenta combater o vetor e não consegue", explica o
infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do
Ceará (UFC), Anastácio Queiroz.
O
infectologista acredita que nos próximos dias o Ministério da Saúde deverá
tornar públicas algumas recomendações sobre como proceder após esta confirmação
de relação direta entre o vírus zika e o surto de microcefalia. Porém, ele
ressalta que, neste momento, até as definições destas recomendações são
complexas e exigem diversas análises. "Não há como o Ministério recomendar
algo que seja inviável para boa parte da população. É preciso investir no
combate aos focos", ressalta.
Conforme
o último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) divulgado,
na semana passada, pelo Ministério da Saúde, o Ceará tem oito municípios
(Baturité, Canindé, Coreaú, Ipaumirim, Massapê, Parambu, Tauá e Viçosa do
Ceará) em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e zika. Nestas
cidades, mais de 4% das residências visitadas apresentaram larvas do mosquito.
Em Fortaleza, o LIRAa é considerado satisfatório, já que foram encontradas
larvas do Aedes aegypt em menos de 1% das casas.
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