Pelo menos cinco municípios
além de Fortaleza terão durante as eleições de 2016 espaços dedicados na
televisão ao horário eleitoral gratuito local, acirrando a disputa travada em
cada uma dessas cidades. Com emissoras detentoras de concessões em vigência,
Juazeiro do Norte, Caucaia, Sobral, Aracati e Pacajus são as regiões fora da
Capital que podem ter no próximo ano candidatos e partidos obrigados a
produzirem programas e inserções dedicados à atração dos votos dos eleitores.
Especialistas
apontam que o impacto da propaganda eleitoral na televisão ainda é capaz de
definir o resultado das eleições e destacam que, em municípios de médio porte,
com a maioria de eleitores e candidatos desacostumados com o recurso, a
influência sobre o eleitorado tende a ser mais sólida do que costuma ocorrer em
Fortaleza.
O
presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), Carlos Manhanelli,
afirma que a televisão continua hoje como o principal recurso na campanha
eleitoral, mas credita o quadro principalmente às inserções de 30 segundos
veiculadas ao longo da programação. Na visão dele, são elas que têm a
responsabilidade por provocar o maior impacto nos municípios do Interior do
Estado e nas cidades da Região Metropolitana de Fortaleza.
"Obviamente
que a televisão nos municípios em que a propaganda eleitoral ainda é uma
novidade tem um impacto enorme. Não tem como não chamar atenção. Mas
principalmente as inserções de 30 segundos no bloco comercial ao longo do dia é
que terão mais peso, porque vão pegar o eleitor desprevenido", frisa
Carlos Manhanelli.
Realidade
O
presidente da ABCOP ressalta que a realidade não é somente no Brasil e cita as
campanhas vitoriosas de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos.
"Um dos estrategistas veio dizer que, no Brasil, compraram a ideia de que
Obama ganhou a primeira eleição por causa da internet. Na verdade, a internet
deu dinheiro para ele investir na televisão e ganhar a eleição."
O
cientista político José Roberto Siebra, professor da Universidade Regional do
Cariri (URCA), lembra que a veiculação na televisão de programas eleitorais
próprios transformaram o cenário das eleições de 2012 em Juazeiro do Norte, ano
em que o município já contava com emissora dedicada à programação local.
O
docente explica que as restrições impostas às demais estratégias de atrair o
voto do eleitorado motivaram os postulantes a investirem maciçamente no horário
eleitoral gratuito. "A televisão é quem define. Na campanha passada teve
muita restrição à realização de comício, entrega de brindes. Então, investiram
muito pesado nesses programas para a televisão", detalha o cientista
político.
Juazeiro
José
Roberto Siebra assegura que os candidatos, em Juazeiro do Norte, não
apresentaram tantas dificuldades e souberam aliar as inserções na televisão ao
restante da estrutura de campanha. "Não dá para pensar o horário eleitoral
fora de uma propaganda de mídia. A gente tem que pensar como um conjunto geral.
O horário está apenas dentro desse processo", esclarece.
O
professor acrescenta que a importância da propaganda eleitoral na televisão
ainda é tão relevante que assume papel fundamental na formação das coligações
para a disputa eleitoral.
Especialista
em marketing político, Luiz Teixeira Santos, membro da Associação Brasileira de
Consultores Políticos, afirma que os candidatos de Juazeiro do Norte, Sobral,
Caucaia, Aracati e Pacajus têm agora a condição de se apresentar aos eleitores
como nunca antes conseguiram em outros pleitos.
"Horário
eleitoral é muita exposição, é um sonho de plano de mídia de qualquer empresa.
Vai ser uma oportunidade única para colocar e expor suas ideias para muito mais
pessoas", destaca Luiz Teixeira Santos.
Luiz
Teixeira Santos também prevê o comportamento do eleito influenciado a favorecer
quem está na situação. Na avaliação do especialista, o fato de a eleição
municipal contar com horário eleitoral na televisão transferirá a impressão de
crescimento do município.
"Tenho
a impressão que terão duas reações. O eleitorado mais preparado vai ter o olhar
crítico. Mas vai ter o eleitor que enxergará aquilo como sinal de que o município
cresceu. Os nomes que estão expostos podem tentar se fortalecer com isso, podem
se aproveitar disso", analisa.
O
especialista acredita, contudo, que as inserções ainda demandarão certo tempo
para conseguir explorar os benefícios trazidos pelo mecanismo. Além de serem
estruturas de campanha sem tantos recursos, como na Capital, há ainda a falta
de hábito com o uso da ferramenta. "O lado ruim é que a grande maioria não
tem hábito."
Nenhum comentário:
Postar um comentário