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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Suspeito confessa crime e Polícia Civil busca os motivos

Depoimentos de testemunhas e uma perícia complementar realizadas, na tarde e na noite de ontem, contribuíram para a confissão de Marcelo Barbarena Moraes, 37, sobre a culpa no assassinato da esposa e da filha de oito meses, ocorrido no último domingo, em Paracuru. A delegada Socorro Portela, diretora da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que hoje dará novas declarações sobre o motivo da tragédia, praticada com um revólver calibre 38.

O caso se deu em uma casa de veraneio que pertencia ao pai de Adriana Moura de Pessoa Carvalho Moraes, 38. Ela e o marido receberam a visita do irmão dele, Rafael Moraes; e da esposa, Ana Carolina Vilas Boas. O casal chegou de Porto Alegre e foi levado pelos anfitriões à praia, onde passavam o fim de semana.
Marcelo contou em seu primeiro depoimento que fez um peixe para o jantar. Durante a noite tomaram duas garrafas de vinho e meia de espumante, mas não ficaram bêbados. Revelou que a esposa foi dormir com a filha deles de oito meses e ele dormiu em outro quarto com a outra filha de sete anos. Somente pela manhã teria percebido que as duas estavam mortas.
A versão do gaúcho foi rebatida pela Polícia, que constatou diversas contradições nos depoimentos de Marcelo, Rafael e Ana Carolina. "Os depoimentos pareciam ter sido combinados, mas encontramos diversas brechas na dinâmica dos fatos e na cronologia", afirmou a delegada.
Mesmo diante dos muitos indícios que apontavam para que Marcelo Barbarena fosse o autor dos disparos, ele afirmou sua inocência nos depoimentos que se arrastaram pela noite de domingo e madrugada de ontem. No entanto, durante uma perícia complementar feita na tarde de ontem, na residência em que o duplo assassinato aconteceu, ele confessou que teria matado a esposa e a filha.
"Ele era muito frio. Não tinha derramado uma lágrima até então. Porém, no momento da confissão chorou muito. Pediu perdão aos familiares da Adriana. Disse que estava arrependido", afirmou a delegada.
O motivo do duplo homicídio ainda não foi esclarecido. Socorro Portela disse que as oitivas de familiares e testemunhas deverão ajudar na elucidação do que levou Barbarena a cometer o crime. "Ele conta que discutiu com ela e não conseguiu dormir. Foi ao quarto, pegou a arma que estava no armário e atirou nas duas. Diz que foi uma discussão banal, mas 'deu uma loucura'. Ele afirma que sabe que nada justifica o ato que cometeu", declarou Socorro Portela.
A cena do crime ainda guardava as marcas da violência na cama onde Adriana foi morta e no berço da pequena Jade
Perícia
O perito Antoniel Oliveira, da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) que participou da reprodução simulada dos fatos feita ontem, disse que a versão do irmão de Marcelo Barbarena de que não ouviu os tiros é pouco provável. "Efetuamos três disparos no mesmo cômodo e constatamos que em qualquer lugar da casa eles foram ouvidos". Uma vizinha da residência disse que escutou os estampidos. "Eles sempre foram muito reservados. Estavam sempre por aqui, mas não falavam com ninguém. Não desconfiamos que os tiros viessem dessa casa. Só pela manhã, eu descobri o que aconteceu", disse Delzilene Braúna.
Ela afirmou também que o disparo aconteceu entre uma e duas horas da madrugada. O horário bate com os relatórios da Pefoce, divulgados por Antoniel Oliveira, que apontam para que o crime tenha acontecido entre 23:30 e 2h.
Ao fim dos procedimentos periciais, o suspeito foi levado de volta à DHPP, onde está sendo custodiado. Dezenas de pessoas aguardavam a saída de Barbarena da casa. Aos gritos de 'assassino' pediam para que a Polícia deixassem que vingassem as vítimas com as próprias mãos. O delegado Bruno Montagnoli, da DHPP, interveio e controlou a população com apoio da PM.
As duas foram assassinadas a tiros
Arsenal
O casal morava no bairro Cocó, com as duas filhas. No local, a Polícia encontrou nove armas de fogo, entre garruchas e espingardas de pressão, e munições de calibres variados. Em seu depoimento, Marcelo contou que gosta de armas e herdou as que guardava em casa de seu avô, que teria sido delegado de Polícia, no ano de 1919. A décima arma que pertencia ao suspeito era o revólver que teria sido usado no crime, encontrado no bebê-conforto da pequena Jade Moraes.
Barbarena não tinha porte de arma. Ele declarou à Polícia que não era usuário de drogas, que é formado em Recursos Humanos e trabalha como gerente de uma loja de móveis planejados, na Avenida Dom Manuel. Adriana Moraes era administradora de empresas e trabalhava em uma distribuidora de bebidas ligada a uma multinacional.
O casal se conheceu na Inglaterra, quando os dois estudavam em Londres, no ano de 2002. Eles eram casados há 11 anos e já tinham passado por algumas crises. De acordo com informações de Socorro Portela, em março deste ano decidiram se separar, mas acabaram reatando. A delegada disse que parentes de Marcelo revelaram que ele passava por um quadro de depressão.
Sepultamento
A emoção marcou o sepultamento de Adriana Carvalho e sua filha Jade Moraes. Os corpos foram velados no início da manhã de ontem, em uma funerária no bairro Dionísio Torres. Por volta das 11h, mãe e filha foram sepultadas no Cemitério Parque da Paz, no bairro Castelão.
Parentes e amigos das vítimas estiveram na cerimônia. A mãe e avó, respectivamente, de Adriana e Jade era uma das mais emocionadas. Após o cortejo fúnebre, as duas foram enterradas no mesmo local, sob forte comoção. (Colaborou Valdir Almeida)
Márcia Feitosa

Repórter


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