Passar por uma situação de
emergência logo após o nascimento pode acarretar um risco ainda maior no Ceará.
É o que deduz o Perfil dos Estados e dos Municípios Brasileiros de 2014,
divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ontem,
ao apontar que, dos 184 municípios cearenses, apenas cinco, ou seja, 2,7%,
possuem estabelecimentos públicos ou conveniados ao Sistema Único de Saúde
(SUS) dotados com leitos/berços de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal.
O
problema acompanha o registrado em todo o Brasil. Ao todo, 93,5% das cidades
enfrentam a mesma situação. Embora em número também baixo, o cenário em relação
à disposição de municípios com unidades de saúde dotadas de leitos/berços de
cuidados intermediários é um pouco melhor, já que dos 184 municípios, 64
(34,7%) possuem hospitais que contém estes equipamentos.
A
publicação do IBGE reúne os resultados da Pesquisa de Informações Básicas
Estaduais (Estadic) e da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic),
2014, que levantaram os dados nas 27 Unidades da Federação e nos 5.570
municípios do País, tratando, além da saúde, de temas como recursos humanos,
comunicação e informática, educação, segurança pública, entre outros.
Para Carmelo
Silveira Leão Filho, diretor de assuntos políticos da Associação Médica
Cearense (AMC) e especialista em medicina intensiva, o problema do baixo número
de UTIs neonatais no Estado está ligado à falta de financiamento, má estrutura
das unidades hospitalares e aos desvios de verbas públicas.
De
acordo com o especialista, não é todo hospital que pode arcar estruturalmente e
financeiramente com os equipamentos desse porte. "Cidades como Fortaleza,
Barbalha, Sobral, Crato e Quixadá, atualmente, possuem leitos, pois são
municípios com bons recursos federais e estaduais", ressalta.
Ele
explica que a alta demanda nesse setor ocorre porque boa parte das gestantes
seguem não tendo acesso adequado ao tratamento do pré-natal. "O
acompanhamento médico bem feito é fator determinante para evitar um grande
número de crianças em UTIs. Os municípios estão tento problemas até com
atendimentos de atenção básica".
O
médico aponta que o governo tenta amenizar o problema com a criação dos
hospitais regionais, mas que a solução determinante para dar fim a essa questão
está ligada a uma gestão pública séria. "A solução real para dar fim a
alta demanda no setor da saúde está ligada a uma boa gestão, fiscalização do
dinheiro público e planejamento com as categorias da área da saúde",
destaca o médico.
Realizar
exames médicos e conseguir um leito de internação também não é fácil em algumas
localidades. De acordo com o levantamento, 36,4% dos municípios do Ceará, ou
seja, 67 deles, precisaram referenciar usuários da atenção básica para a
realização de exames em outras cidades em 2014. No quesito internação, 63
municípios necessitaram dessa prática.
Investimento
Sobre
os dados apresentados, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informou, por
meio de nota, que o Ceará foi o estado brasileiro que mais ampliou a rede de
serviços de saúde dos últimos anos, citando o funcionamento do Hospital
Regional Norte (HRN), em Sobral, com dez leitos de UTI pediátrica e dez de UTI
neonatal, destacando, ainda, o início da operação do Hospital Regional do
Sertão Central, em Quixeramobim, até o fim do ano, com mais 20 leitos no total.
Para
ampliar o acesso a especialistas e exames, sem a necessidade de deslocamento
para a Capital, a Sesa destaca a construção e funcionamento de 19 policlínicas
regionais, que já realizaram cerca de 2 milhões de atendimentos desde a
inauguração da primeira unidade, em Tauá. A secretaria esclarece que as
unidades atendem até 17 especialidades médicas para a população de 166
municípios e mais três unidades estão em construção: Canindé, Maracanaú e
Crato.
A nota
destaca, ainda, o Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, que atende
45 cidades da macrorregião, tendo realizado 1 milhão e 642 mil atendimentos até
abril deste ano. "A Secretaria da Saúde do Estado segue focada em ampliar
e qualificar os serviços de saúde para atender as necessidades da
população", diz o texto. (Colaborou
João Neto).
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