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quarta-feira, 29 de julho de 2015

Dois milhões não têm coleta de resíduos no Ceará

No Ceará, são geradas diariamente 9.711 toneladas de resíduos sólidos em áreas urbanas. Entretanto, 7.588t são recolhidas pelos serviços de limpeza dos municípios. A diferença entre o que é produzido e o que é recolhido (21,86%) revela que quase dois milhões de cearenses não têm nenhum serviço de coleta regular de lixo.
Os dados são relativos ao ano passado e fazem parte do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil divulgado, ontem, pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). O estudo apontou ainda que mais da metade (55,1%) de todo o lixo urbano coletado no Ceará tem um destino inadequado.
Dos resíduos sólidos recolhidos diariamente no Estado, 3.407 toneladas (44,9%) são levadas para aterros sanitários, conforme o que é orientado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O restante é levado a aterros controlados e lixões, o que não deveria acontecer desde 2014, quando venceu o prazo estipulado pela lei para a implantação de destinações ambientalmente adequadas ao lixo.
A pesquisa mostrou que a situação manteve-se estável em comparação com o ano anterior, quando 55,2% dos resíduos coletados foram levados a locais inapropriados, como lixões.
Contudo, a situação do Ceará é das melhores em comparação com outros estados, ocupando, em termos percentuais, a terceira posição no Nordeste entre os que têm maior destinação correta, ficando atrás apenas do Piauí (50,3%) e de Sergipe (47%).
Na Região, o Ceará também é o que mais coleta lixo por habitante (0,858 kg/hab/dia), sendo o sexto do País, logo abaixo de Mato Grosso do Sul (0,907), Amazonas (0,936), Goiás (0,962), Rio de Janeiro (1,307), São Paulo (1,381) e Distrito Federal (1,551).
O coordenador do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ronaldo Stefanutti, avalia que a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) se destaca com relação ao restante do Estado. "Há cerca de 4 milhões de pessoas que têm uma gestão de coleta implantada. E grande parte destes resíduos urbanos são levados para os aterros", disse. Contudo, "há outras demandas de aterros que precisam ser construídos", completou.
Stefanutti afirmou ainda que a Capital falha com a coleta seletiva, destinada à reciclagem e também prevista na PNRS. "Não temos isso atendido conforme a legislação. Existem pequenos exemplos, mas há todo um trabalho a ser feito", analisou.
Aterros
Atualmente, o Ceará possui apenas cinco aterros sanitários, cada um atendendo a dois municípios. Eles estão localizados, segundo a Secretaria Estadual do Meio ambiente (Sema), em Caucaia, Maracanaú, Eusébio, Sobral e Mauriti. Cada um deles atende a dois municípios. Ou seja, há 174 cidades no Ceará sem um despejo ambientalmente adequado dos resíduos.
"Eles tentam solucionar o problema através do lixão, o que é condenável. A coleta seletiva, que é obrigatória, ainda são poucos que a fazem e, portanto, estamos muito longe do que seria uma situação adequada", lamentou o titular da Sema, Artur Bruno. "É preciso acelerar as soluções para que o Ceará tenha uma política correta e sustentável de gestão dos resíduos sólidos", resumiu o secretário.
Para ele, mesmo com os avanços, a situação preocupa. "Apesar de o Ceará se destacar como um dos que têm procurado resolver esta questão, eu não diria que estamos satisfeitos", afirmou. Segundo Bruno, a Sema e a Secretaria das Cidades estão auxiliando os municípios "a encontrar soluções para a gestão dos rejeitos", disse.
A reportagem procurou a Prefeitura de Fortaleza, mas até o fechamento, não houve retorno.
Germano Ribeiro
Repórter

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