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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Multas crescem até 100% no Ceará

Em novembro de 2014, passaram a vigorar as alterações realizadas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que elevaram em até 900% o valor das multas por ultrapassagem proibida. O objetivo era reduzir o registro dessas infrações, mas na prática, pelo menos nas rodovias federais do Ceará, a realidade foi outra. Nos primeiros seis meses após o enrijecimento da lei, foi constatado que o número de multas por ultrapassagem proibida quase que dobrou em relação aos dados obtidos no primeiro semestre do ano passado.

Segundo registros da Polícia Rodoviária Federal (PRF), de janeiro a junho de 2014 foram computadas 6.216 multas desta natureza. Após o aumento dos valores, no entanto, foram contabilizadas mais de 11 mil infrações nas rodovias federais que cortam o Estado. Até o último boletim repassado pela PRF, já incluindo também o mês de junho, o número de casos chegava a 12.574, que acumula mais de R$ 12 milhões em multas.
As infrações por ultrapassagem pela contramão - que subiram de R$ 191,54 para R$ 957,70 - são as mais praticadas pelos motoristas cearenses. No ano passado foram registradas 5.342 infrações e após a mudança o número chegou a 9.079. Somente nestes casos, com a nova punição, a imprudência gerou mais de R$ 8 milhões.
Em segundo lugar estão os casos de ultrapassagens pelo acostamento, com o valor alterado igual ao das multas pela contramão. Antes da mudança, a PRF registrou 694 casos em seis meses. Com os novos valores, o número já chega a 3.043 no ano, gerando mais de R$ 2 milhões.
Na situação em que o motorista força ultrapassagem em uma pista simples, obrigando um outro veículo a sair da via, foram computadas 162 multas antes da mudança e 436 após a alteração. O valor destas infrações passou de R$ 191,54 para R$ 1.915,40. A imprudência nestes casos gerou R$ 835.114.
As multas por ultrapassagem pela direita, que também tiveram o maior aumento na punição, saindo de R$ 191,54 para R$ 1.915,54, foram as de menor registro nas rodovias federais do Estado, sendo computados apenas 16 casos desde novembro.
Rigidez
De acordo com a PRF, o elevado número de infrações nas rodovias federais é fruto, principalmente, da imprudência dos condutores, que insistem em tentar levar vantagem burlando as leis. O chefe do Núcleo de Comunicação da PRF, Alexsandro Batista, ressaltou que a maior rigidez na lei se deu por conta da gravidade deste tipo de infração.
"Era preciso aumentar o valor dessas multas para tentar conscientizar os motoristas sobre a gravidades dessas ultrapassagens. Hoje, as ultrapassagens estão entre as infrações que mais fazem vítimas. Cerca de 80% das colisões frontais no Brasil são fatais e ocorrem principalmente por uma combinação perigosa formada por excesso de velocidade e desrespeito às leis de trânsito", lembrou o policial rodoviário, acrescentando que o objetivo principal é evitar acidentes.
"Não queremos apenas multar, pois como estamos percebendo, isso não adianta muito, já que o motorista volta a cometer o mesmo erro. Nosso objetivo é tentar conscientizar o cidadão e, principalmente, evitar acidente, reduzindo, consequentemente, o número de mortos e feridos nas estradas", informou.
Os pontos mais críticos apresentados pela PRF são trechos das rodovias BR-116 e BR-222, principalmente no Interior do Estado. Nestes locais, as vias não possuem canteiros centrais, e o fluxo de veículos é menor, em comparação aos trânsito dentro das grandes cidades, como a Capital. Deste modo, o condutor não respeita as normas e comete manobras perigosas, como as ultrapassagens pelo acostamento e pela contramão.
A Polícia informou ainda que o número de fiscalização não foi ampliado e que o trabalho está sendo realizado pelo mesmo número de agentes, mas o modus operandi foi adaptado.
O presidente da Associação dos Psicólogos de Trânsito do Estado do Ceará (Apsitran), Wagner Paiva, considera que o problema pode ser considerado cultural. "Acho importante deixar as leis mais rígidas, mas é preciso também aumentar o acesso à educação desses motoristas, através de campanhas e orientações. Precisamos formar cidadãos educados não apenas para o trânsito, mas também para a vida, pois só assim poderemos ter um trânsito melhor".

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