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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

RMF tem cerca de 152 mil pessoas na fila do desemprego

Depois de dois meses consecutivos de alta, o desemprego voltou a cair em setembro na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), registrando uma leve retração de 0,1 ponto percentual ante o mês de agosto, com a taxa de desemprego total chegando a 8,1% da População Economicamente Ativa (PEA). Em números absolutos, o contingente de desempregados totalizou 152 mil pessoas - mil a menos em relação a agosto e 12 mil a mais na comparação com setembro de 2013.
O total de ocupados no mês passado ficou em 1,728 milhão de pessoas, resultado da criação de 16 mil postos de trabalho entre agosto e setembro deste ano. No comparativo anual, o número corresponde ao acréscimo de 53 mil vagas no mercado da RMF. Por sua vez, de agosto para setembro, ingressaram 15 mil pessoas na PEA, somando 1,88 milhão de pessoas economicamente ativas no mercado local.
Comportamento
A retomada da queda no desemprego no decorrer de 2014, porém, ocorre associada a outros fatores que dão indícios do aumento da precarização no mercado de trabalho local, como a queda dos rendimentos médios reais, a criação expressiva de postos de trabalho entre autônomos e domésticos, que vinham há meses numa trajetória sistemática de declínio, e a redução da taxa de desemprego entre as populações mais vulneráveis, como mulheres e jovens.
É o que aponta a edição de setembro da Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMF (PED), realizada mensalmente, a partir de dezembro de 2009, pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), órgão vinculado à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Conforme o estudo, enquanto a taxa de desemprego dos homens passou de 7,1% para 7,2% de agosto a setembro, entre as mulheres a taxa caiu de 9,5% para 9,3%, no mesmo período. Para os jovens de 16 a 24 anos a taxa de desemprego declinou de 20% para 19% no comparativo mensal.
Assalariado
O emprego assalariado cresceu 0,9% no mês, com a geração de 10 mil vagas. A elevação foi puxada pelo setor privado, que criou 12 mil postos (1,3%), enquanto no setor público foram eliminadas duas mil contratações (-1,3%). Entretanto, a maior parte das ocupações criadas no setor privado, em setembro, foram informais.
Dos 12 mil empregos criados pela iniciativa privada no referido mês, nove mil foram sem registro em carteira e apenas três mil com carteira assinada. O emprego doméstico, que vinha numa trajetória de queda, cresceu 7,2%, com a geração de oito mil vagas. Entre os autônomos, o emprego registrou 0,4% de alta, em setembro, com a criação de dois mil postos.
Setores
De acordo com os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego, entre os setores de atividade econômica, contribuíram com aumento das ocupações no nono mês de 2014 a construção civil (alta de 4,3% em setembro frente a agosto), indústria (2%) e comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (1,5%), que geraram, seis mil vagas cada um, totalizando 18 mil novas ocupações. Em contrapartida, o setor de serviços eliminou seis mil postos, experimentando 0,7% de retração no mês.
Rendimento cai em agosto
Corroborando com o indicativo de precarização do mercado de trabalho da RMF, os rendimentos médios reais dos ocupados e dos assalariados declinaram, respectivamente, 2,8% e 2,5% entre julho e agosto, sendo estimados em R$ 1.162,00 e R$ 1.192,00 nessa mesma ordem.
No setor público, os rendimentos dos assalariados reduziram 2%. Enquanto isso, na iniciativa privada, os rendimentos registraram 1,9% de diminuição, sendo que entre os assalariados com carteira houve queda de 2% e entre os sem carteira o rendimento se manteve estável (0,3%). Já os autônomos tiveram alta de 1,7% no rendimento médio real.
Opinião do especialista
Mercado local mostra sinais de precarização
O retrato mensal indica que temos uma estabilidade da taxa do desemprego, com a queda de mil desempregados porque foram gerados mais postos de trabalho do que o número de pessoas que entraram na PEA. Mas tem um olhar para os empregos que foram gerados muito difícil porque é entre os autônomos e os domésticos que o emprego está crescendo. E quando olhamos a renda, vemos ela cair. Vemos também que a geração de empregos em setembro cresce para mulheres e jovens, que são os extratos mais vulneráveis da população, criando um ambiente de precarização. Isso faz com que a renda caia e que mude a configuração do mercado de trabalho local, que apresentava uma tendência de formalização e começa a ter sinais de mais precarização, com o avanço da informalidade.

Ediran Teixeira
Coordenador da PED no Dieese

Ângela Cavalcante
Repórter

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/negocios/rmf-tem-cerca-de-152-mil-pessoas-na-fila-do-desemprego-1.1138091

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