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domingo, 29 de junho de 2014

20 anos de Real: qual foi o saldo positivo e que perspectivas apontam

Na próxima terça-feira, o Plano Real completa duas décadas de existência. Ao contrário de iniciativas anteriores, como os planos Cruzado e Collor, o Real apresenta vida longa, mesmo com o forte ataque especulativo em 1998, da elevada incerteza política instalada no País entre 2002 e 2003 e ainda da crise financeira internacional iniciada em 2008, e que até hoje não foi totalmente controlada. Trata-se do plano econômico mais longevo da história do Brasil nos últimos 45 anos. Desde a sua implantação, em 1º de julho de 1994, independentemente de quem estivesse à frente da Presidência da República, o combate à inflação foi perseguido e a tão sonhada estabilidade monetária alcançada.

De fato, a estabilidade da moeda resistiu, mas é fato que a inflação nunca saiu da pauta. No ano passado, o IPCA, o índice oficial do País, se aproximou do teto da meta, apesar de todas as intervenções do governo para controlá-lo, esquentando o debate econômico. Mesmo assim, o Brasil nunca mais passou perto do índice hiperinflacionário de 2.708%, alcançado em 1993. As máquinas de remarcação de preços, um dos grandes símbolos daquele momento, foram, para o bem da Nação, aposentadas.
Novas incertezas
Entretanto, passados esses 20 anos, o atual cenário econômico volta a gerar incertezas e nos coloca diante de novos desafios: baixo crescimento, juros retornado a patamares elevados e a pressão sobre os preços que preocupa. Porém, embora o quadro seja bem mais brando se comparado com a era pré-real, este não deixa de ser um momento de reflexão: entre ônus e bônus, qual o saldo líquido do Real para a população ao longo de sua trajetória? Mesmo enfrentando as ameaças, há o que comemorar?
Na avaliação de economistas consultados pelo Diário do Nordeste, existe muito o que celebrar. "A consolidação da estabilidade monetária foi e é a maior conquista da sociedade do ponto de vista econômico. A moeda estável contribuiu para a redução da desigualdade e melhor distribuição da renda. Inflação só serve para transferir renda para quem pode marcar preços", diz Ricardo Eleutério Rocha, economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor).
E apesar do fato de a inflação seguir acima da meta definida pelo governo, mas ainda abaixo do teto, avalia o também economista Henrique Marinho, presidente do Conselho Regional de Economia no Ceará (Corecon-CE), este pode ser considerado um saldo positivo para o País, "porque continuamos com o total controle da inflação".
Retorno para a sociedade
"A política de juros do Banco Central tem se mostrado eficiente ao manter a inflação sob controle, mesmo que dentro do limite superior. Todos ganharam. O trabalhador com mais emprego e melhores salários, os empresários com melhores expectativas e tendo condições de investir mais concisamente e o governo que passou a manter sua política econômica mais comportada".
Conforme disse, sempre haverá pressões por parte da sociedade, que quer menor inflação, mas também deseja mais benefícios do governo. "O Plano Real trouxe estabilidade de preços, mas isso não quer dizer que não haja inflação. Os preços tem variado em torno da meta, fazendo com que o poder de compra caia. Porém, a política econômica tem possibilitado a criação de mais de 15 milhões de empregos nos últimos 12 anos e melhoria de salários, além de uma política social que beneficia a população mais pobre", destaca Marinho.
Anchieta Dantas Jr.
Repórter

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