Banabuiú. Após um curto período sem chuvas no Interior do Estado, os pluviômetros da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) voltaram a registrar precipitações em mais da metade dos municípios do Ceará, principalmente nas regiões litorâneas, Zona Norte, Vale do Jaguaribe e Sertão Central. No período de segunda para terça-feira, choveu em 103 cidades.
Conforme a Funceme, a maior precipitação ocorreu em Banabuiú, no Centro do Estado, com 106mm. A menor chuva foi em Quixadá, também nesta região, na área do Açude Pedras Brancas, mesmo assim acima dos 40mm.
Para hoje, a Funceme prevê a continuidade de um ramo da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) atuando sobre o Norte do Nordeste brasileiro, podendo ocasionar chuvas no Centro-Norte do Ceará. Nas demais regiões cearenses, a previsão é de nebulosidade variável.
Esse quadro se configurou a partir do início da semana, principalmente na região do Vale do Banabuiú. No fim da tarde da segunda-feira, por volta das 17 horas, o tempo fechou, dando início às chuvas, mas parando logo depois. No início da madrugada voltou a chover novamente. Mesmo assim os 106,5mm não foram suficientes para mudar o quadro crítico do Açude Arrojado Lisboa, em Banabuiú.
Conforme o responsável pela segurança na área do reservatório do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), Aprígio Neto, se não chover mais na região, o terceiro maior açude do Estado poderá atingir o nível mais crítico de sua história, como aconteceu em 2003, quando chegou a manter a reserva de apenas 1% da sua capacidade cujo volume máximo pode chegar a 1,7 bilhão/m³.
Atualmente, de acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o Arrojado Lisboa está apenas com 19,11% do seu volume.
Conforme a meteorologista da Funceme, Dayse Moraes, a falta de chuvas em boa parte dos municípios cearenses nos últimos dias já pode ser considerada um veranico. O fator responsável por esse quadro meteorológico é a instabilidade do Sistema Zona de Convergência. Está oscilando e, quando se afasta, as nuvens não se aproximam do Interior provocando a estiagem. Entretanto, no primeiro dia de maio poderão ocorrer chuvas em todo o Ceará.
O principal sistema meteorológico em atuação deverá se aproximar novamente do Centro do Estado. Há duas semanas, no dia 16, a gerência da Subbacia Hidrográfica do Rio Banabuiú realizou no escritório regional da Cogerh, em Quixeramobim, uma reunião de alocação negociada de água do Sistema Fogareiro-Quixeramobim. A reunião teve o objetivo de avaliar a operação do segundo semestre de 2013 e alocar a vazão média para o primeiro semestre do ano corrente.
Após a apresentação dos dados técnicos do reservatório foi definida a vazão média de 280 litros por segundo. Foram discutidas demandas do sistema de adução Fogareiro-Pirabibu e uma tentativa para suprir o açude da pasta, onde membros da Comissão Gestora do Sistema Fogareiro-Pirabibu ficaram de acompanhar todo o processo.
Novas medições
A Cogerh também discutiu na semana passada a situação do Açude Vieirão, em Boa Viagem. Atualmente, conta com 2,9 milhões/m³, cerca de 15% da sua capacidade total. Preocupado com a possibilidade da estiagem se prolongar pelo próximo ano, o presidente do órgão, Rennys Frota, esteve reunido com a presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Boa Viagem, Reginaldo Vale, e com a presidente da Câmara Municipal Maria Alzira.
Na oportunidade, Frota solicitou uma nova batimetria no reservatório, bem como o cadastro de todos os usuários que utilizam o manancial e o mapeamento de novas fontes de abastecimento para a cidade. Todavia, de acordo com as simulações realizadas pela Cogerh, o Açude Vieirão teria garantia hídrica até 31 de março de 2015.
As lideranças da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura no Estado do Ceará (Fetraece) começaram a se reunir nos escritórios regionais para discutirem a situação da quadra invernosa. Conforme assessoria da Fetraece de Quixadá, muitos lavradores já estão reclamando de prejuízo nas colheitas dos legumes.
As chuvas não chegaram como esperavam. João Ribeiro, de Senador Pompeu, é um deles. Está desanimado. Para ele, como o mês de abril terminou, dificilmente essa situação vai se reverter. Além do tempo perdido está preocupado com o abastecimento de água para a sua comunidade, Codiá.
Alex Pimentel
Colaborador
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/apos-veranico-chove-em-103-municipios-1.1004933
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