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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Encontro traz alerta sobre Copa e Olimpíada

Visitantes de vários países do mundo enfrentaram longas filas, ônibus lotados e problemas com o metrô

Rio de Janeiro. Problemas de organização durante a visita do papa Francisco ao Brasil, que colocaram o pontífice em risco e deixaram milhares de fiéis de várias partes do mundo sem transporte adequado, aumentaram as dúvidas sobre a capacidade do País para organizar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Os problemas de organização e de infraestrutura começaram logo na última segunda-feira, primeiro dia da visita do papa, que teve que contornar uma falha ocorrida no seu trajeto pelas ruas do Centro do Rio de Janeiro
FOTO: REUTERS

Até o prefeito da cidade deu ao Rio de Janeiro uma nota baixa pela organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento para jovens católicos que, ontem, último dia do encontro, atraiu mais de 3 milhões de pessoas para uma missa na praia de Copacabana.

"Está mais perto de zero do que de dez", disse o prefeito Eduardo Paes na última sexta-feira. Esperava-se que grandes eventos no Brasil fossem uma vitrine de uma recente década de crescimento econômico no País e justificassem os ares de primeiro mundo que muitos de seus líderes assumem.

Agora, apesar de estenderem o tapete vermelho para Francisco, os brasileiros estão espantados com os problemas ocorridos durante sua visita. Visitantes de lugares tão distantes como Japão, Angola e Canadá enfrentaram longas filas, ônibus lotados, metrô com defeito e a incerteza sobre um evento que estava sendo organizado havia dois anos.

Os problemas começaram logo na segunda-feira: a comitiva de Francisco teve de contornar uma falha da segurança após sua chegada. Depois vieram atrasos no transporte que excluíram milhares de fiéis de algumas de suas aparições e a mudança de última hora do local que seria o ponto alto do encontro, com uma vigília no sábado à noite e uma missa campal ontem, em consequência da chuva que provocou m lamaçal.

Para especialistas em transporte, segurança e planejamento, os problemas são decorrência da alta demanda junto com a burocracia e problemas de infraestrutura e serviços públicos.

Tráfego pesado e mau tempo já provocam rotineiramente engarrafamentos no Rio. E se houve problemas durante o encontro de jovens católicos, imagine os riscos representados por torcedores movidos a álcool na Copa, ou o desafio logístico de transportar espectadores e atletas para as competições olímpicas.

"Nunca existe uma maneira de controlar absolutamente tudo quando se tem tantas pessoas reunidas", disse o professor de urbanismo Christopher Gaffney, da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Rio, que estuda a organização de grandes eventos em vários lugares. "O foco tem de ser em minimizar as possibilidades de que as coisas deem errado".

No Rio, as autoridades procuraram minimizar os problemas ao declarar feriados públicos e isolar amplas partes da cidade durante a visita, reduzindo assim o tráfego para tudo que não estivesse relacionado às atividades do papa.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, reconheceu que houve falhas na infraestrutura da Jornada Mundial da Juventude e prometeu mais planejamento para evitar a repetição dos erros nos próximos grandes eventos. Carvalho, contundo, disse ser impossível reunir uma multidão de 2 milhões a 3 milhões de pessoas sem registrar filas e aglomerações, repetindo declaração feita pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) nos últimos dias.

Paes diz que falhas foram corrigidas

Rio de Janeiro. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), avaliou ontem como positiva a operação da cidade durante a Jornada Mundial da Juventude. Em entrevista coletiva, ele afirmou que houve erros, principalmente no início da Jornada. Mas, segundo ele, essas falhas foram corrigidas ao longo do evento.

"Foi uma invasão do bem por todo o Rio de Janeiro e na praia de Copacabana. Vivemos a maior celebração da história da cidade, com o maior número de pessoas em maior tempo", disse. "Perdemos algumas batalhas, mas ganhamos a guerra", afirmou o prefeito.

Paes afirmou que, por enquanto, não é possível fazer um balanço final do evento porque os peregrinos ainda estavam retornando para suas cidades de origem. "A festa para nós ainda não acabou. Quero lembrar aos cariocas que temos feriado até as 12h de amanhã (hoje). Pedimos que evitem se deslocar de carro e que permaneçam, se possível, no seu bairro. Vamos ter nas próximas 24 horas ainda algum grau de confusão no trânsito", alertou.

Para o prefeito do Rio, a jornada é um evento muito mais complexo do que a Olimpíada que será realizada em 2016 no Rio. Segundo ele, o pico de fluxo para um único local previsto para os jogos é de 100 mil no Parque Olímpico. O encontro católico, segundo a Prefeitura, reuniu mais de 3 milhões de pessoas ontem na Praia de Copacabana.

O arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, afirmou na manhã de ontem que a chuva e o frio dos primeiros dias, que obrigaram a transferência dos dois últimos eventos de Guaratiba, na zona oeste, para Copacabana, foram "uma surpresa". Mas, durante discurso na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, em Copacabana, d. Orani disse que "o Senhor conduz a história e que não nos desesperamos se as coisas não acontecem como planejamos".

D. Orani destacou que, apesar das mudanças, a jornada chamou atenção para as dificuldades da periferia da zona oeste e afirmou que sugeriu ao prefeito Eduardo Paes que a área seja transformada em um bairro popular chamado Campo da Fé. O arcebispo se emocionou ao agradecer a passagem de Francisco pelo Rio, que chamou de "anúncio de paz". O prefeito Eduardo Paes disse que o terreno onde ficaria o Campus Fidei, em Guaratiba vai ser transformado num bairro popular chamado "Campo da Fé do Papa Francisco". 


Copilado do Diário do Nordeste

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