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domingo, 27 de maio de 2012

Educação no Ceará tem resultados contraditórios


A educação básica do Ceará mostra que um mesmo Município tem bons e péssimos resultados.
Limoeiro do Norte. O Ceará tem Municípios bons e ruins em educação, pelo menos no que se refere às séries iniciais do ensino básico, segundo os últimos índices do setor. Mas quanto maior o ano, pior o desempenho. Até se chegar no Ensino Médio, em que, além de baixo desempenho nas notas, a evasão escolar é ainda maior. O Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece-Alfa), divulgado na semana passada, apontou melhora significativa na alfabetização na idade certa (177 Municípios).
Representa um aumento no desempenho do básico da educação: saber ler e escrever. O Programa Alfabetização na Idade Certa conseguiu melhorar os índices entre 2007 e 2011. Mas a segunda etapa do Ensino Fundamental ainda tem graves problemas, conforme aponta pesquisa anterior do Ministério da Educação. As escolas de Municípios com piores e melhores índices do Spaece mostram o que mudou e o que é preciso mudar.
Numa pesquisa divulgada pelo Governo Federal, 121 cidades cearenses (65,7%) não atingiram a meta intermediária de aprendizagem no 5º e no 9º ano do Ensino Fundamental, conforme o programa Todos Pela Educação. O dado foi divulgado pelo Ministério da Educação uma semana antes do Spaece. Apenas 334 cidades brasileiras (6,3% do total), atingiram essa meta, que avalia o aprendizado em Português e Matemática. Já o 2º ano inicial, com demonstração de melhora pelo índice Spaece, é comemorado pelo Estado.
Os levantamentos de aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental têm feito, como não se havia décadas atrás, uma amostragem de a quantas anda a educação pública. E na lista dos dez mais e dos dez municípios com índices menos satisfatórios, projetos educacionais de sucesso e outros nem tanto. E ao mesmo tempo uma descontinuidade, num mesmo Município, nos níveis de aprendizado. Em miúdos: cidade com ótimo desempenho em índice anterior fracassando na última avaliação, para o mesmo ano do Ensino Fundamental. E numa mesma cidade onde se encontra um dos melhores desempenhos do 2º ano figura entre os de avaliação baixa no 5º ano. Parambu já pontuou como melhor, de todos do Sertão dos Inhamuns, no índice que hoje aponta-o como o pior desempenho do Estado na avaliação do 2º ano do Ensino Fundamental. Já Ibaretama, o bom índice do 2º ano contrasta com o pior desempenho estadual no 5º ano do Ensino Fundamental.
Dos 184 Municípios cearenses, 177 chegaram ao nível desejável de alfabetização. Entre 2007 e 2011 dobrou o percentual de crianças alfabetizadas ao final do 2º ano. Com dados do 2º do Ensino Fundamental, caiu também a taxa de alunos com baixo índice de aprendizado (de 47,7% em 2007 e 8,8% em 2011). Houve melhora também no 5º ano, mas que não esconde o problema maior: apenas 12 Municípios alcançaram o nível satisfatório de aprendizado de Português e Matemática.
Os números do Spaece causam euforia e decepção. Como não existe punição aos gestores das cidades com baixo desempenho, resta "sensibilizar", conforme a Secretaria de Educação do Estado (Seduc). Mas esse mesmo órgão contemplou, por dois anos consecutivos, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Rodrigues de Medeiros, em São Benedito, com o Prêmio Escola Nota 10. A "escola-referência" é uma casa improvisada em escola. A Seduc informou que o que conta é o "quesito aprendizagem". "A escola pode ter péssima infraestrutura e realizar excelente trabalho pedagógico", diz Márcia Campos, coordenadora de Educação na Seduc.
Nova Olinda Este Município, no Cariri, comemora os índices alcançados na Educação. A surpresa foi chegar ao topo, com os melhores níveis de aproveitamento, com a nota máxima dos alunos do 2º ano. A média do nível de proficiência ajustada foi de 282,4. Por trás desse trabalho há uma longa história de esforço, capacitações, formação de professores, ajustes relacionados à idade e escolaridade, investimentos salariais dos docentes, incentivo, com gratificações, e infraestrutura, entre outros fatores, que envolvem até a integração das unidades de ensino com a comunidade. O Prêmio Escola Nota 10 foi a resposta.
Agora, segundo a secretária de Educação, Vanda Lúcia Sampaio Oliveira, fica o desafio de manter os índices e continuar o processo de aperfeiçoamento, que veio às custas de muito trabalho. Os índices que um dia de 2005 se tornaram vergonhosos para a cidade, foram responsáveis pela mudança de atitude dos educadores e comprometimento do poder público em transformar a realidade.
Isso aconteceu com a Escola de Ensino Fundamental José Liberalino da Silva, localizada na Vila Alta, um dos bairros mais carentes da pequena Nova Olinda, de pouco mais de 11 mil habitantes. Mas o bom desempenho é comemorado nas nove escolas do Município e mais de 3 mil alunos. No Sítio Tabuleiro, zona rural de Nova Olinda, o 5º ano da Escola 15 de Novembro obteve nota 10, o melhor desempenho desta série na área de 18ª Coordenaria Regional de Educação (Crede-18). Já na Escola de Ensino Fundamental Alvin Alves, no Sítio Zabelê, o 2º ano obteve também nota 10.
Os alunos avaliados durante o ano passado estão agora no terceiro ano, no caso da José Liberalino. Foi aprovação em praticamente 100% da turma, com índices de aproveitamento admiráveis para crianças que vivem em condições sociais e necessitam de um acompanhamento aproximado. A coordenação da escola tem buscado um processo integrado e esse trabalho educacional passa pela família, a exemplo de um dos projetos que a escola tem feito de forma pioneira e vem servindo de espelho para outras unidades. É o ´Palavra Mágica´. A metodologia simples faz com que o lúdico entre nas casas com palavras de gentileza, como o ´bom dia´, ´com licença´, e outras formas de tratamento sejam naturalizadas pelas crianças e mude o relacionamento social. Os resultados já estão na boca das crianças.
Segundo a secretária, esse desenvolvimento educacional não aconteceu num passe de mágica, e sim, dependeu de um trabalho sério e de muita responsabilidade feito ao longo de um tempo. Na primeira avaliação de 2007 do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (Spaece), a média de Nova Olinda foi uma das piores, de 92.3. "Isso nos fez refletir, porque o Município era um dos piores do Estado, em que os meninos frequentavam a escola e não aprendiam nada. Era um quadro lamentável", afirma. De acordo com a secretária, as prioridades começaram a ser trabalhadas, mas antes de tudo foi determinante a vontade política para mudar o quadro.
A educação municipal elegeu quatro pontos fundamentais para modificar a situação: o reordenamento da rede pedagógica; a nucleação, com escolas em espaços mais adequados; além da graduação dos professores, com a presença das universidades dentro do Município. "Não temos mais professores sem a graduação, ou têm aqueles que estão concluindo para fechar toda a rede dos professores do Município", diz ela, ao acrescentar que foram várias ações que fizeram a educação do Município chegar aos melhores resultados.
Aperfeiçoamento
O professor Francisco Hugo Dantas Leonel Alves está com a turma do 3º ano. O grupo passou pelo exame do Spaece e obteve a maior nota do Estado, ano passado. O docente destaca a meta de aperfeiçoamento constante na sala de aula, no processo de aprendizagem. "A gente trabalha com metas e muitas delas ficam afixadas no mural da sala de aula". Ele destaca a importância de deixar o aluno sabendo ler e escrever bem. "Esse prêmio é um incentivo para toda a comunidade escolar". O estudante Cícero Caliel Bezerra do Nascimento, de 8 anos, mora na Vila Alta. Ele afirma que sempre gostou de estudar e a escola é um bom espaço na comunidade.
REPÓRTER
MELQUÍADES JÚNIOR/ELIZÂNGELA SANTOS
Copilado do Diário do Nordeste


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