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segunda-feira, 26 de março de 2012

Após liberação judicial, cinzas de Chico virão para Maranguape


O cearense Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho construiu uma carreira de mais de seis décadas

Rio de Janeiro A cremação do corpo do humorista Chico Anysio, morto na última sexta-feira, aconteceu ontem no Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio. Parentes e amigos mais próximos do artista se reuniram no cemitério. A mulher do ator, Malga Di Paula, apareceu acompanhada da mãe e da irmã. O frei Jhonathan Gerber, do Convento de Santo Antônio, foi chamado para conduzir a cerimônia. O religioso acompanhou Chico nos últimos anos.


"Surpreendentemente, estou mais forte do que pensava. Acho que a força veio do Chico", afirmou Malga, antes de deixar o local. Durante a cerimônia, houve a manifestação de várias crenças, mas a oficial foi conduzida pelo frei. Chico dizia que era um franciscano. As cortinas de veludo foram fechadas para ele.

Segundo Malga, agora ela aguarda a liberação da Justiça para poder espalhar as cinzas do marido no Projac, no Rio, e em Maranguape, no Ceará: "A Globo era a casa de Chico" - diz ela, que ainda comentou a ideia do prefeito Eduardo Paes de batizar como Curva do Chico um trecho que liga a Barra da Tijuca aos estúdios da Globo: "É porque esta curva não acaba nunca".

A ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, com quem o comediante foi casado, acompanhou os filhos, Rodrigo e Vitória. "Nossos filhos ainda são pequenos e precisariam muito do pai. Mas a gente não tem domínio sobre isso", lamentou Zélia.

Ela afirmou ainda que Chico deixou um bom legado de trabalho e caráter. "Seja o que for que eles façam na vida, que sigam o exemplo dele", frisou.

Muito emocionado, o ator Bruno Mazzeo falou pela primeira vez sobre a perda do pai: "O que eu tenho é agradecimento ao povo brasileiro pelo carinho. Ver as pessoas na frente do teatro foi o que me deixou feliz. Meu pai foi uma pessoa que se dedicou por 65 anos a alegrar o povo",destacou.

A atriz Heloísa Périssé e a diretora Cininha de Paula foram dar o último adeus a Chico. Mais uma vez, seu filho Nizo Neto agradeceu aos fãs do pai: "Obrigado às pessoas que se prestaram a esperar horas e horas para passar um segundo ao lado dele", comentou.

O cineasta Luiz Carlos Barreto também compareceu ao local. "Mais do que humorista, Chico foi um crítico dos costumes. Não podemos confundi-lo com piada. Ele tinha espírito crítico. Sempre convivi com ele, somos uma família cearense. Veio para o Rio e se transformou nessa grande personalidade nacional. O humor dele serviu para dar um senso crítico à realidade brasileira", afirmou.

Maior humorista da TV brasileira, Chico morreu aos 80 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo, e, há três meses, tentava vencer uma série de complicações decorrentes de problemas pulmonares.

No último sábado, seu corpo foi velado no Theatro Municipal, no Centro do Rio. A cerimônia reuniu a família, amigos e fãs do artista. Cerca de 4.500 pessoas foram prestar a última homenagem a Chico no teatro.

Carreira

Um dos principais nomes do humor no Brasil, criador de inúmeros personagens e bordões célebres, o cearense Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho construiu uma carreira de mais de seis décadas como radialista, escritor e ator de teatro, cinema e televisão.

Continuou trabalhando mesmo após o longo período de internação entre dezembro de 2010 e março de 2011, quando retirou parte do intestino grosso, fez uma angioplastia e teve problemas cardiorrespiratórios que o deixaram em estado grave - chegou a entrar em coma por três vezes.

Quando teve alta, em abril do ano passado, voltou a gravar o programa semanal "Zorra Total", da Rede Globo, interpretando Salomé.

Chico era casado com a empresária Malga di Paula (seu sexto casamento) e teve oito filhos (um deles adotivo) - Lug de Paula, Nizo Neto, Rico Rondelli, André Lucas, Cícero Chaves, Bruno Mazzeo, Rodrigo e Vitória - com cinco mulheres, entre elas a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, com quem teve seus caçulas.

Viúva quer criar instituto para combater o tabagismo no Brasil

A viúva do comediante Chico Anysio, Malga Di Paula, anunciou que pretende criar um instituto para combater o tabagismo, em homenagem ao artista.

O anúncio foi feito logo após a cerimônia de cremação do corpo do humorista, que aconteceu na tarde de ontem, no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro.

O objetivo da instituição será o combate ao tabagismo através do apoio a pesquisas científicas com células-tronco, que poderiam avançar na cura da enfisema pulmonar.

O instituto ainda não tem data de inauguração definida, mas deve ser aberto ainda neste ano.

Emocionada, Malga, falou do último adeus ao comediante. "A gente conseguiu fazer uma homenagem do jeito que ele queria. Até as cortinas foram fechadas, cortinas de veludo".

Segundo Malga, a cerimônia de cremação foi muito bonita, uma homenagem digna do Chico. "Foram tocadas as músicas dele e nós cantamos, foi lindo. É muito estranho dizer isso, que foi lindo, mas foi", revelou.

Quanto ao acervo do comediante, quem definirá será a emissora na qual ele trabalhou durante tantos anos. "A Globo vai definir, pois é a casa do Chico. Isso será tratado na casa dele", disse ela.

Irmão mais velho do humorista, Elano Di Paula, de 89 anos, falou com os jornalistas ao sair da cerimônia que reuniu a família do humorista.

"Não teve despedida, a vida é eterna e daqui a pouco eu estou junto com ele. Apagou-se uma estrela, acenderam milhares de estrelas, que ele as fez e você gosta delas todas. Para cada uma delas que você olha, você vai ver o Chico. São centenas de luzes acesas por ele. Então ele não morreu, daqui a pouco eu me encontro com ele e mando um abraço para você", disse Elano, que é espírita.

Homenagens

Ontem, o programa ""Fantástico" exibiu imagens dos melhores momentos do artista, em participações que ele fez no programa ao longo de sua carreira. Como o quadro "Cartão de Visitas", o último que o humorista fez no programa, no qual explicava os principais personagens que interpretou na televisão.

Em outra passagem pelo "Fantástico", ainda na década de 70, o humorista Chico Anysio apresentou uma crônica sobre vida e morte, onde defendia que as pessoas deveriam nascer velhas e irem rejuvenescendo com o passar do tempo.

O programa exibiu ainda trechos inéditos da entrevista exclusiva que o humorista concedeu à Patrícia Poeta em setembro do ano passado para o quadro "Anjo da Guarda".

Homenagens ao torcedor ilustre

Rio de Janeiro e São Paulo Os jogadores do Vasco entraram em campo ontem contra o Resende, pela quinta rodada da Copa Rio, com nomes de personagens de Chico Anysio, que torcia para o clube, escritos nas suas camisas.

Os jogadores usavam uma camisa com nomes de personagens clássicos imortalizados pelo ator e, no peito, demonstraram o luto com o nome do artista e os anos de nascimento e morte. Imagens da carreira do humorista foram exibidos no telão.

Juninho Pernambucano, por exemplo, foi o "Professor Raimundo" na homenagem vascaína, o goleiro Fernando Prass entrou em campo como Roberval Taylor e o lateral Thiago Feltri como Bozó.

"Durante toda sua trajetória no rádio e na TV brasileira, o comediante sempre deixou bem claro o seu amor pelo nosso clube. Por conta de toda uma vida dedicada à Cruz de Malta, não poderia deixar de prestar aqui esta homenagem a um vascaíno de verdade e também solidariedade a seus familiares nessa hora de muita dor e saudade para toda a enorme família vascaína. Descanse em paz, Chico", disse em nota no site da equipe.

Palmeiras

Em São Paulo, Chico Anysio torcia pelo Palmeiras, e o time também prestou sua homenagem da mesma maneira, com frases na camisa oficial durante a partida contra o Corinthians. Antes, o Fluminense também havia lembrado o ator.

Valdivia vestiu a camisa 10, que levou o nome de ´Divino´. Marcos Assunção jogou com a 20, que ganhou o nome do famoso personagem ´Professor Raimundo´. Na comemoração do gol, os atletas fizeram o gesto característico do personagem: "e o salário, ó".


Copilado do Diário do Nordeste

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